Você não está cantando só para Deus
Efésios 5:19 nos chama a "falar entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais", mas muitas igrejas hoje se aproximam disso, no máximo, quando os líderes de louvor ficam de frente para a congregação. Com os olhos fixos no palco ou nas telas, será que estamos realmente nos dirigindo uns aos outros? E por que isso importa?
A palavra traduzida como “falar” (ou “dirigir-se”) em Efésios 5:19 se refere a falar, proclamar, pregar e até exortar. Isso significa que devemos cantar não apenas com, mas para os outros, com ousadia e convicção. Quando cantamos uns aos outros, não estamos performando, mas sim pregando, orando, encorajando e até exortando nossos irmãos (Colossenses 3:16). Quando não cantamos uns aos outros, esquecemos que a adoração é uma prática comunitária, que nos convida a perceber, amar e servir uns aos outros enquanto adoramos ao Senhor.
Embora o canto responsivo — entre líderes, coros e congregação — seja mais comum em igrejas litúrgicas, não é preciso reformular completamente o estilo do culto para colocar isso em prática. Veja algumas sugestões simples:
1. Inclua mais músicas de pergunta e resposta
Músicas como “Ele É Digno?” (Is He Worthy?) de Andrew Peterson são incríveis porque envolvem a congregação tanto quanto a banda. Esse tipo de música se torna quase um catecismo cantado, onde líderes fazem perguntas e a igreja responde com verdades bíblicas.
2. Faça momentos a cappella
Se a igreja conhece bem uma música, peça que os instrumentos parem por um momento — um verso ou refrão. Isso faz com que os membros se ouçam mais e fortalece a harmonia natural da congregação. É também um momento para que os músicos sejam ministrados pelo canto da igreja.
3. Ajuste o posicionamento dos assentos
Se possível, posicione as cadeiras de forma que os irmãos possam se ver, em vez de todos olharem apenas para frente. Isso favorece a percepção de que estamos cantando uns aos outros, não só assistindo quem está no palco.
4. Divida os versos por grupos
Você pode fazer um verso cantado só pelas mulheres, outro só pelos homens e depois todos juntos no refrão. Isso cria uma dinâmica poderosa. Se isso gerar desequilíbrio, pode-se dividir por lados do templo ou por fileiras.
5. Escolha músicas com imperativos
Músicas que nos chamam à ação são fundamentais. Um exemplo de hino nesse estilo é “Levantai-vos, Soldados de Cristo”, onde somos chamados à batalha espiritual. Muitos louvores hoje apenas descrevem sentimentos, mas músicas com verbos de ação ensinam a igreja sobre como viver a fé.
6. Altere o ponto de vista das letras
Nem tudo precisa ser “eu, eu, eu”. Use músicas que falem “nós, nosso”, reforçando que estamos juntos na fé, adorando como corpo. Além disso, músicas que usem “vós” ou “vocês”, nos ajudam a entender que cantar também é uma exortação e encorajamento mútuo.
7. Valorize o coro da igreja
Ter um coral não serve apenas para fazer solos ou apresentações. Um grupo de pessoas cantando de frente para a congregação traz uma percepção mais clara de que estamos nos edificando uns aos outros — não só ouvindo quem está no palco.
8. Cante além dos domingos
Inclua cânticos em reuniões de oração, células, estudos bíblicos. Isso torna o hábito de cantar uns aos outros mais natural e fortalece a cultura de adoração na igreja.
Ao sair de um culto, é comum avaliarmos como “eu me senti”. Mas, na verdade, a adoração congregacional não é só sobre minha experiência individual, mas sobre como ministramos uns aos outros enquanto adoramos a Deus juntos.
Que essas ideias te ajudem, seja você líder ou membro, a recuperar a beleza de cantar como um ato mútuo de edificação, cuidado e amor cristão.