Vem me buscar — Jefferson e Suellen (Análise da música)
Não é nenhum segredo que a igreja brasileira, de maneira geral, tem sido tomada por um tom e ênfase de autoajuda e coaching. As mensagens falam muito sobre como viver uma vida melhor aqui, se valorizar e por aí vai. Muito pouco se fala a respeito da glória do porvir, pois estamos preocupados demais em buscar uma vida melhor hoje. E isso certamente se reflete nas músicas que cantamos.
Seguindo essa tendência, é cada vez mais raro vermos músicas que falam da volta de Jesus Cristo, que é justamente o caso da música que analisaremos hoje. É muito bom descobrir que ainda haja quem cante sobre a volta de Cristo, e não apenas do que Deus pode fazer por nós hoje.
Vamos à letra de “Vem me buscar”, do casal Jefferson e Suellen.
És adorado entre nós
Tão desejado aqui
Mas nada se comparará
Com a glória que há de vir, oh
Eu não sou daqui, pra casa voltarei
Ele vem me buscar e com Ele eu irei
Na primeira estrofe temos uma série de afirmações que colocam justamente esta contraposição entre hoje e o que está por vir. Ele é adorado hoje, tão desejado, mas isso que temos dele no presente não se compara com aquilo que será finalmente revelado quando Jesus voltar para completar a sua obra e nos buscar.
Por mais que não haja um texto bíblico referenciado aqui diretamente, nada do que vemos aqui contraria o que a Palavra diz.
Yeshua, o Messias aguardado,
Ele vem me buscar (2x)
O refrão curto é bem direto e fala da nossa expectativa pela vinda do Messias, que é Jesus Cristo, ou Yeshua na língua original. Pessoalmente, não compreendo muito a intenção de usar Yeshua em vez de Jesus. Não há nenhum valor semântico propriamente dito, então creio que serve mais uma função estética. Para alguns talvez soe mais espiritual, mas não é o caso. É apenas uma escolha do autor da música.
Em breve Jesus no céu vai aparecer
E todo joelho se dobrará
E toda língua confessará
Mas a igreja será arrebatada
Num piscar de olhos acontecerá
Na ponte da música, temos uma descrição da volta de Jesus Cristo. Aqui talvez tenhamos um ponto que pode trazer certa polêmica a depender da posição escatológica de cada igreja. Creio que não haja problema com as primeiras três linhas, uma vez que Ele de fato aparecerá no céu (Mt 24:30) e todo joelho se dobrará e toda língua confessará (Rm 14:11).
Quanto ao arrebatamento, não vamos entrar no mérito das várias posições escatológicas a respeito pois não é o nosso foco. Se a música houvesse falado sobre um arrebatamento secreto, que não tem base bíblica, teríamos um problema. Mas da maneira como é escrita, está apenas afirmando o que Paulo fala em 1 Ts 4:17 e 1 Co 15:52.
Logo, quanto à letra dessa música, não há problema algum. Por mais que não seja baseada em textos bíblicos explicitamente, todo o seu conteúdo tem respaldo na Palavra.
Tendo dito isso, vamos falar um pouco sobre a forma da música.
Considerando o quão curta é a letra, o fato da gravação ter quase sete minutos de duração significa que haverá bastante repetição. Mas, creio que essa é uma característica da estética e estilo musical implementado, que segue a linha do worship com bastante guitarra, sintetizador, bateria tribal e por aí vai — nada incomum na produção gospel atual. É a tendência do momento e quer você goste ou não, está bem presente nos nossos dias — e isso não é necessariamente um problema, como já mencionamos em outras análises.
Aqui porém poderíamos até, se me permite, chamar de worship pentecostal, uma vez que em uma das repetições da ponte temos praticamente um solo de bateria, aquela quebradeira bem característica de cultos da Assembleia de Deus, justamente o reduto de onde vem o casal. Logo, eles fazem jus ao berço deles.
Sobre o estilo musical, não creio que seja problemática na sua forma. Há igrejas em que se encaixará perfeitamente. Já em outras, nem tanto. A impressão que fica é que o peso ou impacto da música vem muito mais do seu ritmo e levada repetida do que da letra em si. É o tipo de música que seria interessante ouvir justamente sem esses recursos todos. Creio que elementos como a quebradeira da bateria citada acima acabam impressionando muito mais do que servindo à congregação. Mas, novamente, esta é apenas uma impressão. Aos que não tiverem problemas com isso, não há nada que desabone a música.
“Vem me buscar” é uma música cuja mensagem certamente é bíblica e vem embalada numa música bastante cativante. Apesar da mensagem ser bíblica, imagino que não é qualquer igreja em que uma música tão carregada nos ritmos e peso será bem-vinda, mas isso fica a critério de cada congregação. Da nossa parte, é uma mensagem que certamente vale a pena ser cantada.
Ao ler a letra dessa música, não pude deixar de lembrar de “Ele vem”, de Gabriel Guedes e Gabriela Rocha — uma música que, inclusive, já analisamos aqui. Caso você esteja à procura de uma música que vale da volta de Cristo mas talvez seja um pouco menos pesada quanto essa que analisamos, vale a pena conferir.
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