Usar ou não usar as estantes para cifras e partituras? Eis a questão.
Nos últimos anos, surgiram várias vozes incentivando músicos de igreja a abandonar suas estantes de partituras. Não acredito que alguém esteja dizendo que é de extrema importância guardar as estantes, mas dizem que, se você realmente quer servir à sua igreja, você não deve usá-las.
Razões para Abandonar as Estantes
Aqui estão algumas das razões mais comuns para deixar de usar as estantes:
- Em muitas igrejas, já existe uma separação devido ao palco. Remover as estantes remove essa barreira visível.
- Músicos e vocalistas tendem a olhar fixamente para as estantes. Quando você as remove, os músicos olham para cima, olham ao redor e estão mais engajados.
- Cantar e tocar sem estantes força você a memorizar a música e comunica um padrão mais elevado de preparação e excelência. É pouco profissional e indiferente usá-las.
- Se você tem medo de esquecer as letras, pode usar um monitor de confiança, projetando as letras na parede de trás.
Algumas Reflexões
Embora eu aprecie e até aplauda as intenções por trás dos músicos de igreja não usarem partituras, parece imprudente tornar isso uma regra ou até mesmo a prática mais preferida.
Estamos trabalhando com voluntários. Pedir aos músicos que memorizem a música toda semana pressupõe que eles são dedicados em tempo integral a esse papel na igreja ou têm tempo suficiente durante a semana para memorizar as músicas. Esses não são o tipo de pessoas com quem normalmente trabalho na minha igreja! Embora eu aprecie músicos que conhecem bem sua música, prefiro que estejam livres da ansiedade quando estão liderando.
Estamos mais livres para fazer mudanças nos Domingos. Devido ao tempo limitado que nossa banda ensaia, elaboramos os arranjos nas manhãs de domingo quando praticamos. Isso nos permite fazer mudanças de última hora, ajustar arranjos aos músicos que estão realmente presentes e fazer música em vez de simplesmente tocá-la.
Queremos cantar as músicas certas. Memorizar todas as músicas tende a nos levar a usar músicas mais curtas e repetitivas ou músicas que cantamos há anos. Não precisa ter esse efeito, mas muitas vezes tem. Eu não deveria determinar as músicas que lidero aos domingos pela facilidade de memorizá-las (pense no Salmo 119). Deus nos diz que a palavra de Cristo deve habitar ricamente em nós enquanto cantamos (Cl 3:16), e isso implica que às vezes liderarei músicas que vão além do que é popular.
Queremos identificar as verdadeiras causas. Cantar com estantes não comunica falta de cuidado, amor ou engajamento mais do que um pastor usar notas para seu sermão. Torna-se um fator negativo apenas quando ele lê mecanicamente, raramente olhando para a congregação. Mas prefiro que ele tenha certeza do que vai dizer do que tentar memorizar seu sermão e tropeçar pelo caminho. E fui profundamente ministrado tanto por cantores quanto por pregadores que tinham notas à sua frente.
Cantamos em comunidade. Finalmente, é a participação, não a performance, que deve caracterizar nossas reuniões. Estamos cantando com a congregação, não para eles. Em vez de ser uma barreira entre nós e a congregação, as estantes podem ser um elemento unificador. Eles comunicam que não somos profissionais da música, que podemos esquecer letras e que também podemos nos distrair. Nossas congregações olham para uma tela (ou um hinário), mas nunca diríamos que estão insinceras ou "despreparadas" para adorar a Deus. Necessitados, imperfeitos e dependentes, olhamos para Jesus para aperfeiçoar todas as nossas ofertas de adoração (1 Pedro 2:5). (Obrigado a Allen Dicharry por este último insight).
Algumas Perguntas que Podemos Fazer
Se isso é uma questão na sua igreja, essas perguntas podem ajudar a chegar a algumas conclusões, seja para usar as estantes ou não.
Estamos permitindo que o uso das estantes seja mais foco do que o Deus que estamos adorando e as pessoas com quem estamos cantando?
Se for o caso, tire o foco das estantes. Revise a música com antecedência e use as estantes apenas como referência. Desenvolva a habilidade de olhar para a linha que você está prestes a cantar e depois olhar para cima e cantá-la com a congregação. Tente achatar e abaixar o estante ou movê-lo para o lado para reduzir a barreira física. Usar estantes só separa você da congregação quando eles são um obstáculo visual ou você depende excessivamente deles.
Estamos buscando servir bem à nossa congregação?
Maximize o tempo limitado que você tem para se preparar. Durante os ensaios, cante e toque como se houvesse uma congregação à sua frente. Cante para os assentos vazios. Em alguns dias ou em alguns minutos, eles estarão cheios com o povo de Deus. Se você optar por não usar estantes e puder pagar, considere adicionar um "monitor de confiança", com letras projetadas na parede de trás ou em um monitor de televisão. Além de ajudar os vocalistas com as letras, um monitor também ajuda o líder a saber quando o projetor está colocando as letras.
O que está determinando os tipos de músicas que oferecemos à nossa igreja?
Avalie quais fatores influenciam suas escolhas de músicas. Podemos considerar a facilidade de memorização, repetição e simplicidade, mas isso não deve ditar o que cantamos. Deus é grande e maravilhoso demais, e nossas respostas são profundas e variadas demais para limitarmos nossas músicas de louvor ao que conseguimos memorizar.
O que é mais importante para nós: engajar visivelmente com a congregação ou levá-los a um conhecimento mais profundo de Deus em Jesus Cristo?
Esses dois objetivos não são necessariamente opostos. Quando lideramos uma congregação a elevar seus corações e vozes para louvar a Deus, deve ser um evento emocionalmente envolvente. Mas as emoções não são nosso foco – a glória de Deus na face de Cristo é (2 Co 4:6). Deus quer que os verdadeiros eventos do evangelho movam as pessoas, não o fato de que elas não precisam nos olhar sobre as estantes.
Como na maioria das questões secundárias no culto congregacional, usar ou não usar estantes de música não é uma questão de "é isto ou aquilo". Queremos apenas garantir que estamos fazendo as perguntas certas.
Por: Bob Kauflin. Publicado originalmente em Worship Matters. Traduzido com autorização.