Uma defesa sobre cantar músicas da Bethel e Hillsong no culto
Talvez você tenha visto um artigo que apareceu recentemente na internet no qual Mackenzie Morgan, uma líder de louvor da Refine Church em Lascassas, Tennessee, anunciou que ela e sua igreja não cantariam mais canções vindas da Bethel Church, na Califórnia, ou da Hillsong Church, na Austrália. Após examinar alguns dos ensinamentos dessas igrejas, ela concluiu que cantar qualquer música originada por alguém de lá era perigoso.
Morgan insiste que, quando se trata de canto congregacional, “teologia importa”. “Importa”, diz ela, “se uma música é fraca em teologia e não representa com precisão a santidade do nosso Deus.” Eu não poderia concordar mais.
Aqui na minha igreja, Bridgeway, somos extremamente cuidadosos para jamais cantar algo que seja errado. Se uma música é de alguma forma inconsistente com as Escrituras, não cantamos, não importa quem a escreveu ou o quanto gostemos da melodia.
Morgan também se incomoda com o fato de que, ao cantar canções do Bethel e da Hillsong, “royalties” estão sendo pagos a eles e, com isso, estamos tacitamente subsidiando e propagando “seu falso evangelho”. Ela continua:
“E se a maioria da igreja estiver conduzindo seu povo ao erro, cantando músicas que não são dignas de um Deus soberano e santo? Deus se agradaria das luzes? Das máquinas de fumaça? Da obsessão por mãos levantadas e pela ‘resposta’ da multidão? Das noites de adoração barulhentas cantando músicas que Ele não aprova?”
Deixe-me deixar claro meu posicionamento. Eu também não gosto das luzes estroboscópicas usadas em alguns cultos. Eu recuso o uso de máquinas de fumaça. Mas fico intrigado com a crítica ao levantar de mãos. Será que ela nunca leu as muitas referências bíblicas a essa prática? Nunca considerou o profundo simbolismo e valor espiritual desse e de outros gestos corporais na adoração? Pergunto-me: uma postura rígida, com mãos nos bolsos, honraria mais a Deus do que mãos erguidas em louvor?
E não deveríamos esperar uma “resposta” da congregação? Leio nas Escrituras sobre gritos de júbilo, declarações de “Santo, santo, santo” e afirmações de ação de graças, entre outras. E qual seria a alternativa às “noites barulhentas de adoração”? Dias calmos e de adoração silenciosa? E, como eu já disse, ninguém aqui está endossando músicas que Deus “não aprovaria”.
Tenha certeza disto: de forma alguma eu endosso ou ignoro os escândalos que abalaram a Hillsong nos últimos tempos. Tampouco apoio métodos ministeriais que, em várias igrejas, buscam estimular emoções por si mesmas ou manipular pessoas em comportamentos sem respaldo bíblico. Cada igreja, seja a Bethel, a Hillsong ou Bridgeway (ou mesmo a Refine Church, no Tennessee), precisa trabalhar incansavelmente para manter seus ensinamentos e práticas ancorados na Palavra inspirada de Deus.
Mas vamos direto ao ponto. Porque essa irmã acredita que alguns ensinamentos da Bethel e Hillsong são antibíblicos, então nenhuma igreja deveria usar suas músicas. Ela insiste que devemos “ler as declarações doutrinárias dessas igrejas e ver o que pregam e ensinam. Mas não pare por aí. Não compare com suas tradições ou o que você acha certo. Compare com as Escrituras. A Bíblia é a autoridade suprema. Não eu, nem seu pastor, nem o mundo, apenas Deus. Não há áreas cinzentas na Palavra de Deus.”
Pois bem, foi exatamente o que fiz. A declaração de fé da Bethel é profundamente evangélica, ortodoxa e consistente com os credos históricos do cristianismo. Eles afirmam a Trindade, a inspiração e autoridade das Escrituras, a encarnação e o nascimento virginal de Cristo, sua morte substitutiva na cruz, ressurreição corporal e ascensão. Declaram explicitamente que Jesus é “verdadeiro Deus” e “verdadeiro homem.”
Afirmam ainda que somos salvos pela graça, mediante a fé na pessoa e obra de Jesus. Embora antes tenham sido afiliados às Assembleias de Deus, sua declaração sobre o batismo com o Espírito difere um pouco daquela denominação. Eis o que dizem:
“O batismo do Espírito Santo, conforme Atos 1:4-8 e 2:4, é derramado sobre os crentes para que tenham poder de Deus e sejam suas testemunhas.”
Nada dizem sobre falar em línguas como evidência inicial do batismo. Embora pareçam crer que essa experiência seja distinta da conversão, a linguagem é ambígua. E não nos esqueçamos: ainda que eu e muitos evangélicos carismáticos creiamos que o batismo no Espírito ocorra na conversão, a visão “separada e subsequente” tem sido amplamente aceita por diversas denominações pentecostais e defendida por estudiosos sérios, ainda que discordemos. Podemos divergir nesse ponto, mas trata-se de uma doutrina secundária, talvez até terciária. Não é um motivo para racha ou excomunhão.
Eles também creem na Segunda Vinda de Cristo e na eternidade do céu e do inferno.
Um ponto que, de fato, requer esclarecimento é:
“Cremos que a obra redentora e vitoriosa de Cristo na cruz provê liberdade do poder do inimigo – pecado, mentiras, doenças e tormentos.”
Também creio nisso, mas a questão de quando esperar plena liberdade das doenças precisa ser claramente definida. Mas note: não há nada nessa declaração que afirme o “Movimento da Confissão Positiva” ou o chamado “Evangelho da Prosperidade.” Se alguém ensina isso na Bethel, não o faz em conformidade com a confissão oficial da igreja.
Há ainda uma defesa extensa e bíblica da ética sexual histórica e tradicional, afirmando o casamento apenas entre um homem e uma mulher. Sobre homossexualidade e transgenerismo, jamais li uma posição tão clara e fundamentada nas Escrituras.
Sinceramente, não entendo como Morgan acusa a Bethel de pregar “um falso evangelho.” Eles pregam a salvação pela graça, em Cristo, mediante a fé. Depositam sua esperança de vida eterna na vida sem pecado de Jesus, sua morte expiatória e ressurreição.
Se alguns na Bethel ou na Hillsong creem no chamado “evangelho da prosperidade,” estão equivocados. Mas, por mais grave que seja esse erro, ele não é necessariamente condenatório. Não se pode declarar que, por isso, tais pessoas estejam destinadas ao inferno.
Sim, existem práticas ministeriais na Bethel que considero questionáveis e sem apoio bíblico claro. Mas isso não os torna hereges ou dignos de desprezo cínico. Se os críticos gastassem mais tempo orando por eles do que escrevendo ataques, talvez tais práticas diminuíssem. Da mesma forma, devemos orar por Morgan e por quem concorda com ela. Lembro-me da exortação de Paulo à igreja em Roma, que todos faríamos bem em seguir:
“Ora, o Deus da paciência e da consolação lhes conceda o mesmo modo de pensar de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que vocês, unânimes e a uma só voz, glorifiquem o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm 15:5-6)
Também li a declaração de fé da Hillsong (será que Morgan leu?). Tirando uma ou outra diferença secundária (Hillsong é ligada a uma denominação pentecostal), é totalmente evangélica e ortodoxa. Concordo com tudo que fazem no culto? Não. Pode não ser meu “estilo”, mas isso não os torna hereges. Apenas diferentes — e, talvez, imprudentes. Mas, em muitos outros aspectos, não somos todos assim?
Morgan diz que não cantará músicas que não sejam “dignas de um Deus soberano e santo.” Ótimo. Concordo. E espero que você também não cante. Mas desafio qualquer um a examinar atentamente as letras das canções compostas por pessoas da Bethel ou da Hillsong (ou ligadas a eles) e provar que são perigosas, antibíblicas ou indignas de Deus. Eis algumas delas:
“God, I Look to You”
“Goodness of God”
“King of Kings”
“O Praise the Name!”
“Raise a Hallelujah!”
“No Longer Slaves”
“Living Hope”
“Jesus, We Love You”
“Ever Be”
“New Wine”
“This is Amazing Grace”
“Worthy is the Lamb”
“Cornerstone”
“Seas of Crimson”
“Outrageous Love”
“Abba”
“One Thing Remains”
“For the Cross”
“Man of Sorrows”
“Holy Spirit (You are Welcome Here)”
“Lead Me to the Cross”
“Lion and the Lamb”
“Fall Afresh”
“Shout to the Lord”
“All Hail, King Jesus”
Declaro publicamente que Deus é profundamente honrado por essas canções.
“Oh, Sam, mas discordamos de algumas doutrinas secundárias deles. Cantar essas músicas não comunica apoio às crenças deles? E pagamos royalties. Não estamos contribuindo para espalhar seus erros?”
Não. Gente, eu suplico: não deixem a cultura do cancelamento entrar na igreja! Você pode discordar de muitas práticas da Bethel e da Hillsong. Eu também discordo. Mas cantaremos com essas pessoas ao redor do trono do Cordeiro por toda a eternidade. Elas são nossos irmãos e irmãs em Cristo. Você está pronto para declará-los não regenerados só porque não concordam com cada detalhe da sua teologia?
E quanto à preocupação de Morgan com os royalties? Deixo algumas perguntas:
Onde você vai traçar a linha de onde seu dinheiro pode ir? Você sobreviverá nesse mundo se recusar consumir qualquer coisa que possa, indiretamente, subsidiar algo com que discorda?
Devo jogar fora livros de estudiosos judeus porque rejeitam Jesus como Messias? E os recursos acadêmicos sobre línguas bíblicas? Devo descartar o Anchor Bible Dictionary porque alguns autores não são cristãos?
Você parou de comprar na Kroger ou Target por serem pró-LGBTQ? Evita abastecer em postos cujas petrolíferas financiam o aborto? Recusa ler autores não cristãos? Parou de cantar “Castelo Forte” porque Lutero fez declarações antissemitas? Abandona o Facebook e Twitter por serem contrários aos valores cristãos?
Se optar por “cancelar” todos que discordam de você em alguma doutrina, acabará isolado em uma bolha, orgulhosamente batendo no peito por ser “o remanescente fiel”.
Eu, por minha parte, continuarei rigorosamente bíblico no que prego e canto — mas sem difamar ou cancelar outros cristãos que discordam de mim em pontos secundários.
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