Mas vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. (João 4:23)
O que significa adorar no Espírito? Paulo ecoa essas palavras de Jesus em Filipenses 3:3 quando diz: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós, que adoramos a Deus no Espírito e nos gloriamos em Cristo Jesus, em vez de confiarmos na carne.” Qual é o papel do Espírito Santo na adoração? Como aqueles encarregados da sóbria responsabilidade de liderar o corpo de Cristo na adoração, como honramos corretamente Sua pessoa e obra?
Na noite anterior à crucificação, Jesus reuniu Seus companheiros mais próximos para que pudesse orar por eles e compartilhar Seu coração com eles uma última vez antes de Sua morte. Em meio a essa noite santa, encontramos uma das declarações mais chocantes de todo o Novo Testamento. Judas havia partido, o grupo de discípulos havia deixado o cenáculo e pouco tempo restava para que a agonia do Jardim desse início à sequência impensável de eventos que culminariam no Gólgota. Logo as mãos de Jesus seriam algemadas e Ele seria tirado do meio deles, como havia tentado avisar tantas vezes. Seus amigos — ainda tão imaturos e temerosos — seriam deixados com a difícil tarefa de liderar todos os Seus seguidores e estabelecer o alicerce da igreja. A perspectiva de Jesus, o Senhor da glória e o Filho de Davi sem pecado, deixá-los parecia devastador e desastroso para o pequeno e incipiente grupo daqueles que O amavam. E então Ele disse.
“É melhor para vocês que eu vá embora”. O quê? Vantagem? Como perder Jesus poderia significar um ganho para os discípulos? O que poderia ser melhor do que Deus conosco, habitando de fato entre nós? (Mateus 1:23, João 1:14) O motivo era tão simples, tão bonito, tão impressionante. Deus em nós. Para os discípulos, a única coisa que poderia superar o privilégio indescritível daqueles anos passados ao lado de Jesus seria tê-lo de fato vivendo dentro deles por meio do dom do Espírito Santo. Preste atenção a essas palavras de Jesus em seu contexto mais amplo:
"E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador,a fim de que esteja com vocês para sempre: é o Espírito da verdade,que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará em vocês. Não deixarei que fiquem órfãos; voltarei para junto de vocês… Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vocês me pergunta: “Para onde o senhor vai?” Pelo contrário, porque eu lhes disse essas coisas, a tristeza encheu o coração de vocês. Mas eu lhes digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês.¹² Tenho ainda muito para lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora. Porém, quando vier o Espírito da verdade, ele os guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouvir e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. Ele me glorificará, porque vai receber do que é meu e anunciará isso a vocês." João 14:16–18, 23; 16:5–7, 12–14
A habitação do Espírito Santo é a principal glória da Nova Aliança. Assim como Jesus disse, o Espírito Santo estava com o povo de Deus, mas por meio da encarnação, morte e ressurreição de Jesus, os homens se uniriam a Deus e O teriam habitando em seu interior. Por que essa verdade é tão importante para a adoração? Nosso primeiro pensamento pode ser relacionar a habitação com a santidade. O Espírito Santo em nós ajuda a nos tornar santos. Isso é maravilhosamente verdadeiro, e também é verdade que, além da santificação e de uma vida de andar no Espírito, não podemos ser adoradores vibrantes. No entanto, a obra do Espírito consistentemente enfatizada como primordial na Nova Aliança é o conhecimento. Sim, o conhecimento. Jesus disse que o Consolador nos guiaria em toda a verdade e revelaria aos nossos corações as riquezas de Sua glória (Efésios 3:8). O clímax da principal profecia da Nova Aliança encontrada em Jeremias é que a lei será escrita no coração do povo e “todos me conhecerão”. (Jr 31:31–34) Paulo diz que o Espírito sonda “as profundezas de Deus” e que recebemos “não o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Co 2:10–12).
A adoração ou a oração, seja ela falada ou cantada, é sempre e sempre uma resposta a uma Pessoa. A partir desse reconhecimento de que a adoração e a oração são orientadas tanto pessoal quanto relacionalmente, conclui-se que a autenticidade e a vitalidade da adoração em uma comunidade correspondem diretamente à precisão e à profundidade de seu conhecimento de Deus. O “problema” da adoração na Igreja moderna não é o líder de adoração errado, um sistema de som ruim, uma banda incapaz, a questão do tradicional ou contemporâneo, ou qualquer outra questão de forma. O problema é que o conhecimento superficial nunca produzirá expressões profundas de adoração. A devoção pessoal ou coletiva simplesmente nunca se elevará além do conhecimento da Pessoa a quem estamos nos dedicando. Quando a visão dessa Pessoa é fraca, obscura ou marginalizada, a verdadeira adoração é um fenômeno que não pode ser alcançado. No entanto, onde Cristo é valorizado e exaltado no coração das pessoas, a adoração e a oração terão o mesmo ímpeto e o mesmo poder de permanência.
Portanto, adorar “no Espírito” significa, em parte, adorar com o conhecimento de Deus em primeiro plano, porque o Espírito Santo ama tornar Deus conhecido. É por isso que Jesus acrescenta “verdade” e Paulo diz “glória em Cristo Jesus” nas passagens acima. Como líderes de adoração, precisamos cultivar o conhecimento de Deus em nossa própria vida por meio do poder revelador do Espírito que habita em nós e convidar ativamente o ministério do Espírito Santo em ambientes corporativos para que Ele possa se mover entre as pessoas e exibir o esplendor de Jesus. Quando reconhecemos que a auge dos nossos momentos de adoração está diretamente relacionada à profundidade do conhecimento Daquele a quem louvamos, então nos tornamos desesperadamente dependentes do Espírito Santo para vir e fazer o que somente Ele pode fazer.
Por: Stephen Venable. © Cante as Escrituras. Traduzido com autorização. Todos os direitos reservados.

