Que se abram os céus — Nívea Soares (Análise da música)
Todo encontro com Deus exige um preparo. Todo culto é um encontro com Deus e com o seu povo. A maneira como nos aproximamos de Deus e como nos preparamos para tanto é de extrema importância. E este encontro é diferente de quando abrimos nossa Bíblia a sós. Conforme Jesus diz em Mateus 18:20. Onde dois ou três estão reunidos em seu nome, ali Ele se faz presente. Ali somos o corpo de Cristo. E ninguém pode anunciar o nome de Cristo sem o que Espírito o tenha atraído (Jo 6:44; 16:13,14).
Portanto, no culto, é bom que nós nos “situemos”. Não estamos falando aqui de um preparo ritualístico como as purificações que vemos no Antigo Testamento. Afinal, se assim o fosse, perante o que lemos no Salmo 15, ninguém poderia sequer entrar no santuário para adorar a Deus. Em vez disso, estamos falando de preparar nossas mentes e corações para o que Deus quer falar, por meio do seu Espírito e da sua Palavra.
A música “Que se abram os céus” descreve justamente um pouco dessa expectativa. Vamos à letra.
Tu és bem-vindo aqui / E em nosso coração / Toma a direção
Deus, fogo consumidor / Sem impedimentos, vem / Face a face, Senhor
Sopra em nós, Espírito / Te queremos, Deus
As primeiras linhas dessa música descrevem o sentimento que devemos ter ao entrar na presença de Deus. Queremos que Ele tome a direção do encontro, dos nossos corações. Mas, este Deus também é Fogo Consumidor, que exige temor e reverência, uma adoração aceitável (Hb 12:29).
Estou de pé / Na presença do Rei
Sua glória está aqui / Teu amor liberta-me
Estás aqui / No trono de louvor
Tua presença me curou / Fascinado estou
O reconhecimento da presença de Deus é algo que pode facilmente cair no vazio, se tornar banal. Para nós que estamos na igreja semanalmente, é fácil cair na mesmice, numa monotonia. Logo, precisamos cultivar o hábito de reconhecer o que acontece no culto. Quando nos reunimos como igreja, estamos na presença de Deus, da sua glória. E esta presença traz consequências para nós, como a cura e a libertação.
Não estamos falando aqui de cura e libertação num sentido de batalha espiritual — mesmo que isso seja possível. Mas existe, de fato, quando contemplamos a Deus a cura de alma, a libertação de pecados. Assim como Isaías foi purificado por uma brasa viva do altar (Is 6), nós também somos confrontados pelo nosso pecado ao contemplarmos a Deus.
Temos sede de Ti, Senhor / Que se abram os céus
O Teu reino vem / Nossa fé está no nosso Deus
Que se abram os céus / O Teu reino vem
Nossa fé está no nosso Deus
Que se abram os céus (que os céus fechados se abram)
O Teu reino vem (Teu reino venha mover)
Nossa fé está (a nossa fé e esperança)
No nosso Deus (estão em Deus, grande Deus)
Que os céus fechados se abram / Teu reino venha mover
A nossa fé e esperança / Estão em Deus
Grande Deus!
O refrão e ponte da música enfatizam tudo que vimos até aqui, com a imagem que dá nome à música. Na Bíblia, essa ideia dos céus se abrindo mostra justamente a majestade de Deus, como na cena do batismo de Jesus em João 1 ou na morte de Estevão em Atos 7. É uma imagem sublime que nos coloca no nosso lugar. Quando contemplamos a majestade de Deus, nossa fé e esperança São restaurados, pois somos lembrados do lugar que Ele ocupa sobre toda a criação.
Esta música traz uma mensagem bastante simples, porém extremamente centrada em Deus. Ela nos situa no encontro e nos aponta para o alvo da nossa fé. Não há nenhuma grande exposição bíblica ou mensagem profunda. Ela simplesmente nos aponta para os céus, para a o alvo da nossa fé. Ela anuncia um grande Deus. É uma música que ganha vida quando olhamos para Deus, no seu santuário, reunidos como igreja. Certamente é uma música que vale a pena ser cantada.