Por que os líderes de louvor precisam dos teólogos
O chamado de Matt Redman para adorar a Deus por tudo o que Ele é.
Em Atos 17, o apóstolo Paulo chega a Atenas e descobre algo estranho: um altar com uma inscrição dedicada a um "deus desconhecido".
Naturalmente, ele aproveita essa oportunidade para contar a história do único Deus verdadeiro. Mas sempre me impressiona o quão inútil essa inscrição deve ter sido para qualquer adorador infeliz dessa suposta divindade — que era ao mesmo tempo desconhecida e incognoscível.
Não sabemos nada sobre a natureza, o caráter e os atributos desse deus. Não sabemos se ele realizou feitos poderosos, operou milagres ou venceu batalhas. Tampouco sabemos como ele se parece. Nem sequer temos seu nome. O que exatamente é exigido ou desejado dos adoradores? Literalmente, não nos é dado nada com o que contar.
Para os adoradores de Jesus, a história é completamente diferente. Nós adoramos um Deus de auto-revelação, que deseja ser visto e conhecido. Cada página de seu livro O revela — e não apenas com dicas, pistas e sussurros — mas com descrições completas de quem Ele é, o que Ele fez e por que Ele é tão digno da nossa adoração.
Não restam dúvidas de que Ele é majestoso e misericordioso, poderoso e pacífico, santo e humilde, glorioso e gracioso. A Bíblia também nos ensina a melhor maneira de nos aproximarmos de Deus e quais tipos de ofertas lhe agradam.
Quando se trata de adoração, sempre ficou claro que não temos liberdade para inventar as coisas.
Um culto pode não conter todos os aspectos da verdade de Deus, mas, como a falecida Marva J. Dawn nos lembrou, "a adoração nunca deve nos apresentar algo falso". Também devemos fazer o possível para não perder elementos-chave de quem estamos encontrando.
Há vinte anos, escrevi para pastores, pregadores e teólogos importantes, fazendo-lhes uma pergunta simples: “Quais são alguns temas essenciais das Escrituras que estão ausentes nas nossas atuais expressões de adoração?”
Muitas respostas mencionaram Deus como Criador, Deus como Juiz e Deus como Trindade. Embora tenham feito comentários positivos sobre a música de adoração contemporânea, havia um senso de desafio: Para o bem da igreja e para a glória de Deus, precisamos fazer melhor.
Algumas décadas depois, me pergunto quanto progresso fizemos. A música de adoração evoluiu e progrediu criativamente, aparecendo em mais gêneros musicais do que nunca. Os aspectos de produção das nossas expressões também avançaram. Mas podemos dizer o mesmo sobre o conteúdo lírico e teológico?
Algumas músicas no estilo de hinos modernos se destacam bem nessa área: “King of Kings” do Hillsong, por exemplo, conta muito da história de Deus e menciona 15 dos 25 temas encontrados no Credo dos Apóstolos. “Living Hope” de Phil Wickham cobre 11 desses temas. São canções cantáveis, belas e profundas. Mas, olhando para o cenário geral, ainda temos muito trabalho a fazer.
Algo que notei é o quanto preferimos cantar sobre a ajuda de Deus em vez de sua santidade. Nós cantamos sobre os aspectos de Deus que são direta e obviamente benéficos para nós — Deus como pastor, consolador, refúgio ou salvador.
Essas são, por assim dizer, canções de auxílio. Mas é essencial que também tenhamos muitos hinos sobre a sua santidade — canções que aclamem Deus por seu valor, quer estejamos na história ou não. Canções que abordem temas como grandeza, justiça e majestade. Assim como o Livro dos Salmos exemplifica um equilíbrio entre santidade e auxílio, também devemos fazer o mesmo.
Grande parte da responsabilidade pelo que cantamos na igreja recai sobre os líderes de louvor e compositores dos nossos dias. Líderes de louvor e movimentos de adoração com perfil público devem carregar sua responsabilidade com um senso de reverência sagrada. Não basta lançar um novo álbum musicalmente cativante ou lotar uma platéia. Essas coisas podem ser maravilhosas — mas se tornam lamentáveis se não lidamos com nosso material sagrado com cuidado.
O mesmo chamado se estende a todo líder de louvor de igreja local. Estamos escolhendo canções que honram a Deus o máximo que podemos? Ou, por vezes, deixamos passar algumas músicas sem avaliá-las com um filtro teológico, porque a vibração musical é simplesmente irresistível? Adoro uma expressão nova, inovadora e criativa, como qualquer um, mas podemos ter, e devemos ter, ambas as coisas.
Pastores, vocês também têm autoridade nessa área. Vocês são os guardiões dos nossos cultos. Cobrem-nos — incentivem os líderes de louvor a fazerem melhor. Proíbam canções que vocês considerem ter pouco conteúdo ou até que contradizem as Escrituras. Apontem temas que estão faltando e que vocês desejam que encontremos músicas (ou que escrevamos músicas). Não nos deixem escapar com teologia medíocre em prol de uma experiência musical agradável.
Nem toda música precisa ter o impacto lírico de “Crown Him with Many Crowns” — mas se muitas das nossas músicas estiverem muito abaixo do padrão exigido, por favor, ajudem-nos a perceber isso e a compôr. Vocês talvez não precisem nos dar muito conselho musical — mas, por favor, não nos deem toda a responsabilidade pela nossa teologia cantada.
Muitos de nós, inclusive eu, admitimos que precisamos de assistência nessa área. Provavelmente não chegamos aqui via seminário ou treinamento teológico intenso; chegamos pelo amor à música e pela capacidade de tocar ou cantar.
Reconhecemos humildemente que não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos da ajuda de pensadores, teólogos e pastores. Precisamos ser refinados por colegas compositores e líderes de louvor também.
Não é por acaso que a versão King James da Bíblia nos diz mais de 1.200 vezes para contemplar. Adoramos um Deus que deseja ser reconhecido por quem Ele é. Minha oração é que a igreja cresça nessa área — vendo canções cada vez mais profundas e verdadeiras — e conduzindo cultos que nos ajudem a contemplar Jesus como nunca antes.
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