Por que cristãos não vão à igreja (e por que eles deveriam ir)
O contexto:
Uma nova pesquisa do Pew Research Center, nos Estados Unidos, revelou que, para a maioria das pessoas, deixar de frequentar a igreja não tem a ver com falta de fé, mas com razões práticas ou pessoais.
O principal motivo para frequentar cultos religiosos — igreja, sinagoga, mesquita ou outro templo — é o desejo de estar mais perto de Deus. No entanto, os motivos para se ausentar são mais variados.
Menos de um terço (28%) dos que não frequentam igrejas dizem que é por não crerem. Entre os que se identificam como cristãos, a principal justificativa dos que não frequentam os cultos é que vivem sua fé de outras maneiras. Quase metade dos evangélicos desse grupo (46%) diz que esse é um motivo “muito importante” para sua ausência.
O segundo motivo mais citado por evangélicos é que ainda não encontraram uma igreja que gostem (33%). Um em cada cinco afirma não gostar das pregações, e pouco mais de um em cada dez (11%) diz não se sentir bem-vindo. Cerca de um quarto (26%) menciona razões logísticas, como falta de tempo ou problemas de saúde.
A pesquisa também aponta que mais da metade dos que não frequentam igrejas por razões além da descrença são mulheres, geralmente mais velhas, com menor escolaridade e menos ligadas ao partido Democrata. Já os que não frequentam por não crerem tendem a ser homens, mais jovens, mais escolarizados e democratas.
O que isso significa:
Se você perguntar para a maioria dos frequentadores de igreja por que seus vizinhos não vão aos cultos, é provável que digam: “porque não creem em Deus”. Mas se perguntar quantos americanos se dizem cristãos, muitos saberão responder corretamente — cerca de 75%.
Talvez eu esteja julgando mal essas respostas. Mas, como pastor de uma igreja recém-plantada, confesso que também costumo pensar nos “desigrejados” como não convertidos, em vez de vê-los como crentes que simplesmente deixaram de se reunir.
Mesmo tendo plena consciência do problema do nominalismo cristão nos EUA, raramente aplico esse diagnóstico aos meus próprios vizinhos — provavelmente porque não quero confrontá-los.
Creio firmemente no paradoxo da frequência à igreja: você não precisa ir à igreja para ser salvo, mas se nunca vai à igreja, provavelmente não é salvo. Porém, confesso que tenho dificuldade de dizer isso em voz alta. Gostaria de ter a coragem de dizer o que Ricky Jones afirma:
“Quero que você entenda que ser parte da igreja universal sem se submeter a uma igreja local não é possível, não é bíblico e não é saudável.”
Primeiro, não é possível. Acreditar que você pode fazer parte da comunidade maior sem se envolver na menor não faz sentido. Você não pode ser membro do Rotary Internacional sem fazer parte de um clube local. Você não pode pertencer à família humana sem antes fazer parte de uma família imediata.
Segundo, não é bíblico. Todas as cartas do Novo Testamento partem do pressuposto de que os cristãos pertencem a igrejas locais. Elas são escritas para igrejas específicas. Ensinam como viver com outros membros, como encorajar os fracos, como lidar com pecadores não arrependidos e como nos conduzir no culto. Ordenam que nos submetamos aos presbíteros e que oremos com eles. Tudo isso é impossível se você não fizer parte de uma igreja local. (Veja 1 e 2 Coríntios, Tiago, Efésios, 1 e 2 Timóteo, e 1 Pedro).
Perguntar onde a Bíblia manda ser membro de igreja é como perguntar onde as regras do golfe exigem que você seja humano — o livro inteiro já parte desse princípio!
Essa pesquisa do Pew é um alerta para que, se realmente amamos nossos vizinhos — especialmente os que se dizem cristãos nominais —, precisamos dizer o que meu colega Jeff Robinson resume bem:
“Quando dizemos que ser membro ou frequentador da igreja é opcional, estamos rejeitando silenciosamente aqueles que Cristo comprou com seu próprio sangue (Atos 20:28).”
Devemos dizer a eles que o cristianismo não é uma religião de “faça do seu jeito”. O caminho já foi traçado, e o povo com quem devemos caminhar já foi escolhido por Deus.