O cristão pode ouvir música secular?
O cristão pode ouvir música secular?
A pergunta parte de um pressuposto errado que faz uma dicotomia entre secular e sagrado. Define a música secular a música feita por um descrente mas você vai encontrar descrentes que escrevem letras fabulosas e você vai encontrar crentes que escrevem porcaria.
Então, o que é uma música secular e que é uma música sacra? O que é que define? É a fé da pessoa ou a falta de fé de cada pessoa? Eu não creio nisso. Têm muita música clássica maravilhosa que foi escrita por gente que não acreditava em nada, e tem muita porcaria feita por gente que se diz evangélica. Então primeiro temos que definir o que é secular e o que é sacro.
Se você diz que é a questão da intenção, que o que foi feito para glorificar a Deus é sacro e o que foi feito para agradar o mundo é mundano, é subjetivo, pois você não conhece o coração do autor gospel. Ele pode ter escrito aquela música pro louvor de Deus mas estar pensando no dinheiro, comércio, em vender o CD, ganhar dinheiro e na promoção pessoal, por exemplo. Não é possível isso acontecer?
E às vezes, o descrente, pode não fazer música para o louvor de Deus, porque ele não não crê em Deus, mas às vezes ele escreve pois está impressionado com algumas coisas da natureza, com as coisas da vida, e ele fala destas coisas. Ele não tá glorificando a Deus diretamente mas ele também não está escrevendo nada que vá contra qualquer um dos princípios da Palavra de Deus.
Então o conceito de secular e sagrado é bastante relativo.
Eu diria que no geral, quando você vai escolher uma música, você escolhe músicas por causa da letra. Eu nem considero que exista ritmo sacro. Mas qualquer outro ritmo é uma questão de conveniência. Nem ritmo você pode falar em ritmo sacro e ritmo profano, porque o que vai determinar o uso de um ritmo é a sua adequação. Nem todo o ritmo se adequa a mensagem do Evangelho. Você não serve sopa no penico, não é? Nem todo vaso serve para todo líquido. Para cada coisa tem as coisas apropriadas. Não é que seja errado, mas tem as coisas apropriadas. Então você vai escolher aqueles ritmos que melhor transmitem a ideia da grandeza de Deus, o quebrantamento, amor, êxtase espiritual, alegria… então têm ritmos diferentes que se prestam a isso. E você vai escolher com base nisso.
Então escutar música por diversão, já que para mim esses critérios não influenciam, eu creio que o critério é sempre a letra. Eu por exemplo gosto de músicas do Eric Clapton, que é um roqueiro antigo que tem muita coisa já publicada e escrito. Tem uma música dele que fala que quando ele tava saindo de casa, pobre, a mãe dele disse assim: "Meu filho, você não esqueça de orar toda as vezes." As raízes deles são evangélicas. Ele vem de uma família tradicionalmente evangélica. E ele fala que quando ele foi para o mundo e começou a trabalhar ele sempre lembrava da mãezinha dizendo: "Don’t forget to pray". E ele tem uma música de rock muito bonita sobre isso.
Mas aí a próxima é Cocaine, e que ele defende o uso de cocaína. Então essa eu não vou escutar. Não vou escutar ele fazendo apologia de droga. Mas essa sobre a experiência dele com a mãe piedosa que falava de oração, qual é o problema? Não tô vendo nada errado ali.
Então você tem que ser seletivo. "Ah mas eu não conheço inglês." Hoje em dia é fácil. Tem quase todas as traduções dessas músicas aí em português. Veja o que é que você está cantando, o que você está curtindo. E aí você seleciona a música. Têm muita música aí que exalta a paixão sensual, exalta o adultério, a violência… aí entra questão de programa de televisão, e assim por diante, e por isso o crente tem que ser seletivo e procurar aquilo que de fato edifique.
Por: Augustus Nicodemus. © Cante as Escrituras. Todos os direitos reservados.