Músico cristão pode tocar música secular para a glória de Deus?
Steve deixou um comentário em um post anterior, questionando a validade de um "ministério" de música secular, referindo-se a um comentário feito por Phil Keaggy anos atrás sobre a falta de cristãos espirituais envolvidos no campo da música secular. Recebi um e-mail recentemente fazendo uma pergunta semelhante sobre a legitimidade de músicos cristãos seguir uma carreira na música pop secular. Como devemos pensar sobre isso? É sempre errado? É algo que devemos encorajar? Aqui estão algumas reflexões que compartilhei ao longo dos anos com pessoas que estavam tentando discernir a vontade de Deus para suas vidas nessa área.
A pergunta mais importante a fazer (e às vezes a mais difícil de responder) é: "Quais são as minhas motivações para querer me envolver na música secular?"
Embora eu nunca assuma que as motivações de alguém sejam completamente puras, há uma diferença significativa entre alguém que vive para tocar no palco e alguém que vive para servir os outros com seus dons. Se houver alguma dúvida sobre por que quero tocar música fora da igreja, é uma boa ideia perguntar a outras pessoas que respeito para uma avaliação honesta das minhas motivações.
O sucesso de um cristão no mercado em geral não é sinal de que o reino está avançando ou o Evangelho está sendo proclamado.
Um sucesso nas paradas de música não é necessariamente um sinal da bênção de Deus. Pode ser resultado de um marketing inteligente ou de grande habilidade musical. Em muitas músicas "crossover", as letras deixam de comunicar qualquer coisa que seja distintamente cristã. Além disso, quando uma música cristã se torna popular, as pessoas podem assumir que não há diferença entre músicos seculares e cristãos - é tudo sobre a música e o dinheiro. Deus pode usar músicos cristãos no mercado em geral para avançar o Evangelho, mas Ele não precisa deles. A igreja é e sempre será o meio principal que Deus usa para espalhar o Evangelho e fazer discípulos.
Música secular não significa necessariamente ímpia ou anti-cristã.
Existem inúmeros exemplos de músicas populares que apresentam valores morais, perspectivas esclarecedoras e comentários significativos sobre a vida que não fazem referência específica à Escritura. O sucesso de músicas como "I Can Only Imagine", "Butterfly Kisses" e "Meant to Live" são evidências claras disso. Podemos usar nossa música para entreter sem glamorizar ou promover os ídolos do materialismo, orgulho e egoísmo.
Não podemos ter certeza sobre as motivações de um músico à distância.
Embora possamos inferir conclusões a partir do vestuário, linguagem, atitudes e ações de uma pessoa, pode ser difícil distinguir entre um rebelde não salvo e um crente desinformado. Poucos de nós se sairiam bem se os detalhes de nossas vidas fossem publicados para milhões lerem e criticarem. Isso não significa que músicos que afirmam ser cristãos estão acima de avaliação ou escrutínio público. Significa apenas que, na maioria dos casos, devemos nos concentrar mais nas disparidades do que em pronunciar julgamentos finais. Pelo menos, nossas orações particulares por um artista deveriam ser equivalentes à nossa crítica pública.
Estar envolvido na música secular não justifica abandonar a igreja ou minimizar nossa fé.
Um músico cristão pode não cantar explicitamente sobre a salvação ou a cruz, ou tocar músicas compostas por cristãos. Mas nunca podemos afirmar que nosso cristianismo fica em segundo plano para nossa habilidade musical. Não existem músicos que "acontecem" de ser cristãos. Nossa identidade como cristãos governa tudo o mais que fazemos. Em um pequeno livro desafiador intitulado "Imagine: A Vision for Christians in the Arts" ("Imagine: Uma Visão para Cristãos nas Artes"), Steve Turner escreve: "Às vezes ouço cristãos justificando mencionar suas fraquezas em sua arte porque 'sou um pecador como todo mundo.' Isso simplesmente não é verdade. O cristão não é um pecador como todo mundo, porque o cristão é um pecador perdoado, e isso altera sua relação inteira com o pecado." Basicamente, a cruz muda tudo. O Evangelho redefine nossas prioridades, redireciona nossas paixões e reformula nossa visão de mundo. Agora vivemos toda a nossa vida "pelas misericórdias de Deus" (Romanos 12:1).
O mundo precisa ver pessoas em todas as áreas que foram genuinamente transformadas pelo evangelho.
Músicos cristãos no mercado em geral têm a oportunidade de influenciar não cristãos não apenas com sua música, mas com suas vidas. Deus pode dar a eles oportunidades de compartilhar o Evangelho com outros que de outra forma nunca seriam alcançados. Kerry Livgren e Dave Hope são dois artistas que fizeram a diferença dessa maneira. Existem muitos mais. Alguns cristãos servirão a igreja na igreja. Outros servirão a igreja fora da igreja. Ambos estão demonstrando por meio de suas vidas que Jesus é o único Salvador e Soberano governante do mundo.
Não toda música escrita e cantada por cristãos precisa explanar o Evangelho completo.
Russ Bremeier, em um e-mail da Music Connection, escreve: "Alguma música compartilha explicitamente o Evangelho, e algumas apenas planta uma semente que pode levar ao Evangelho. Nossa arte é um reflexo diversificado de quem somos como corpo de Cristo. Seja usada na igreja, no rádio, em um programa de televisão ou mesmo em um anúncio de 30 segundos, podemos descansar sabendo que Deus pode usar a música que fazemos de várias maneiras para servir aos Seus propósitos." Que haja música de todos os tipos escrita a partir da perspectiva daqueles que vivem na luz das alegrias e realidades do céu.
Resumindo: Conheça o seu coração e busque fazer música para a glória de Jesus Cristo, não importa onde você toque ou cante. Nossa música não é sobre nós. É sobre chamar a atenção para o Deus que nos deu a música em primeiro lugar. Nenhum outro tipo de música vai durar de qualquer maneira.
Por: Bob Kauflin. Traduzido e publicado com autorização.