Moisés – Fernandinho (Análise da música)
Vamos hoje para a análise da música "Moisés", de Fernandinho, tão solicitada aqui pela nossa comunidade. Digo de início, que a letra faz paralelos entre a libertação do povo de Israel no Antigo Testamento e a salvação que temos em Cristo no Novo Testamento. Porém, apesar de sua boa teologia, a musicalidade da canção pode não ser a mais acessível para o canto congregacional, que é o nosso maior foco aqui, que é analisar músicas bíblicas e que sejam boas para o repertório das igrejas.
Sigamos então e exploremos cada estrofe da música e vejamos se elas se conectam à verdade bíblica.
Do Egito, escravo fui / Sofri na mão de faraó / Mas eu não volto pra lá
A música começa com uma referência direta à escravidão do povo de Israel no Egito (Êxodo 3:7-10). Essa experiência histórica é usada como metáfora para a escravidão do pecado, da qual fomos libertos em Cristo (Romanos 6:17-18).
A afirmação "Mas eu não volto pra lá" é uma declaração de compromisso com a nova vida que temos em Cristo, onde nós sabemos que, pelo fato de termos um coração transformado pelo Espírito, as coisas do mundo já não são atrativas para nós.
Da Babilônia, escravo fui / Jogado em cova de leões / Mas eu não volto pra lá
Aqui, a música faz referência à prática babilônica de jogar pessoas em covas de leões como forma de punição. Embora Daniel não fosse um escravo, mas um alto oficial no Império Medo-Persa, ele foi vítima dessa prática por causa de sua fidelidade a Deus (Daniel 6:16-23). O povo de Israel, no entanto, estava cativo na Babilônia (2 Reis 25:8-12), e a cova dos leões simboliza a opressão e o perigo que enfrentaram.
No Novo Testamento, somos lembrados de que o diabo, como um leão, busca nos devorar, mas em Cristo sabemos que somos aperfeiçoados, firmados, fortificados (1 Pedro 5:8-10).
Do pecado, escravo fui / Sofri na mão do acusador / Mas o Senhor me libertou
Essa estrofe é o clímax da música, trazendo o paralelo mais claro entre a escravidão física no Antigo Testamento e a escravidão espiritual do pecado. Jesus nos libertou da escravidão do pecado (João 8:34-36) e de Satanás, o acusador (Apocalipse 12:10).
A liberdade em Cristo é o tema central do Evangelho!
Livre, eu sou livre / Livre, eu sou livre
O refrão é uma celebração da liberdade que temos em Cristo. Gálatas 5:1 nos lembra de que fomos chamados para a liberdade e não devemos nos submeter novamente ao jugo da escravidão. Essa repetição reforça a alegria e a segurança que temos em nossa nova identidade em Cristo.
Moisés, Moisés / O seu clamor Eu ouvi / Estende o seu cajado, Moisés / E as águas vão se abrir
Essa parte da música retoma a história de Moisés e a abertura do Mar Vermelho (Êxodo 14:15-16). No Novo Testamento, esse evento é colocado por Paulo como um símbolo do batismo e da libertação espiritual (1 Coríntios 10:1-2). A mensagem é clara: assim como Deus abriu caminho para Israel, Ele abre caminho para nós em Cristo Jesus.
Deixa meu povo ir, faraó / Deixa meu povo ir
A música termina com uma referência direta à ordem de Deus a Faraó para libertar Seu povo (Êxodo 5:1). No contexto do Novo Testamento, isso se aplica à nossa libertação do "império das trevas" e nossa entrada no reino de Cristo (Colossenses 1:13-14).
Diante da análise da música aqui vão algumas observações. A letra da música "Moisés" é sem dúvida uma celebração vibrante da libertação que temos em Jesus, usando histórias do Antigo Testamento como metáforas para a salvação. Fernandinho faz isso bem com os paralelos que a Escritura mesmo coloca.
Porém, apesar de sua riqueza bíblica e dos paralelos feitos, a musicalidade pode não ser a mais adequada para o contexto do canto congregacional, quando pensamos que a música no contexto do culto deve ser acessível e contribuir para o canto coletivo. Acredito que essa nem deve ter sido mesmo a intenção do autor, pois precisamos lembrar que nem toda composição cristã é pensada para este fim. E está tudo bem. Existem músicas para cantarmos em casa, para ouvirmos e apreciar a boa arte e músicas que se encaixam bem para o canto congregacional.
Em um evento ou conferência de jovens ela certamente se encaixaria muito bem, e aí eu não vejo problema visto a fidelidade bíblica da letra. Mas o ponto é: precisamos entender que não é porque a música é bíblica que necessariamente ela é adequada para se cantar no culto público.
No entanto, a mensagem central da música é poderosa e bíblica: em Cristo, fomos libertos da escravidão do pecado e temos uma nova vida de liberdade.
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