Existe base bíblica para o culto vespertino de Domingo?
Quando as pessoas perguntam: "Devemos ter dois cultos no Dia do Senhor?", minha inclinação é responder que, como povo de Deus, deveríamos nos levantar em justa revolta contra a parcimônia de nossos pregadores e perguntar: "Por que não podemos ter três?" O dia pertence ao Senhor. Descansamos nesse dia, adoramos nesse dia, e certamente é algo bom ter culto de manhã e à noite. Presumivelmente, seria ainda melhor ter um culto à tarde também.
Estou sendo um pouco faceto. O espírito pode estar disposto, mas a carne pode ser fraca. E não acho que haja um versículo — nem mesmo o Salmo 92, que fala sobre o sacrifício de manhã e à noite no sábado — que realmente sirva como um texto prova para o culto noturno.
Acredito que seja uma questão de prudência, e penso que, se estamos comprometidos com o Domingo como o sábado cristão — o que acredito que deveríamos estar, como um dia que pertence ao Senhor, dedicado ao descanso n'Ele e à adoração — então temos que nos perguntar: “Como esse dia deve ser usado?” E ele deve ser usado para descanso, comunhão cristã e serviço, mas também para adoração.
Se o dia deve ser usado para adoração, então precisamos nos perguntar: “Quanto de adoração é bom para nós?” E, falando como historiador, uma das coisas que me chama a atenção é que vejo uma correlação bastante clara entre o declínio do culto vespertino de Domingo nas igrejas cristãs na América e o declínio no conhecimento bíblico, no viver cristão disciplinado, na observância do sábado e na influência cultural em geral.
Não vejo como algo bom tenha vindo do abandono do culto vespertino de Domingo. O que vocês estão fazendo com seus Domingos à noite? Vocês estão sentados em casa assistindo DVDs da Ligonier? Contanto que não os comprem no Domingo, isso pode ser legítimo. Mas falo isso como uma questão muito séria. Se o Domingo é o dia do Senhor, o que estamos fazendo com nossos Domingos? E como estamos usando nossos Domingos para nos aproximar do Senhor?
Conheci, ao longo da vida, uma ou duas pessoas que não iam à igreja no Domingo à noite, mas que ficavam em casa estudando a Bíblia e catequizando seus filhos, e não sei se necessariamente quero criticar essas pessoas. Mas a maioria das pessoas que não vai à igreja no Domingo à noite simplesmente não vai e não está fazendo atividades espirituais com esse tempo.
Quero culpar especialmente — não exclusivamente, mas especialmente — os ministros, que muitas vezes acham mais fácil preparar apenas um sermão por semana, em vez de dois. Eles muitas vezes cedem à pressão das pessoas. E qualquer um de nós sabe que, se você disser a um professor de álgebra no ensino médio: “Queremos que você forme alunos com o mesmo nível de conhecimento que sempre tiveram, mas vamos dar metade do tempo para ensinar,” você enfrentaria muitos problemas. Mas é isso que estamos fazendo em nossas igrejas, sem motivo aparente.
A história da igreja não é útil para muitas coisas além de ilustrações, mas é interessante que o grande Sínodo de Dort, que foi uma reunião internacional de teólogos e ministros calvinistas no início do século XVII, foi questionado: “O que devemos fazer se ninguém quiser assistir ao segundo culto?” (Então, pelo menos podemos nos consolar com o fato de que esse não é um problema novo.) E a resposta do Sínodo de Dort foi que o segundo culto deve ser realizado, mesmo que apenas a família do pregador esteja presente. Esse conselho foi seguido, e os reformados holandeses nos séculos XVII, XVIII, XIX e início do século XX tornaram-se um povo muito observador do sábado, adorador e conhecedor da Bíblia, em parte, por seguirem esse conselho.
Minha opinião é que, não, você não é absolutamente obrigado a ir à igreja uma segunda vez no Domingo. Mas o que você está fazendo com esse tempo? Use-o para o Senhor, com o Senhor, e diga ao seu pastor que você quer dois ou até três sermões no Domingo.
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Por: W. Robert Godfrey. Levemente editado para facilitar a leitura, este é um trecho da resposta de W. Robert Godfrey, dada na Conferência Nacional da Ligonier de 2017.