É Ele – Drops (Análise da música)
A música "É Ele", do Drops, de composição do Paulo Vicente, tem sido uma das canções mais ouvidas dos últimos meses. Ela é uma declaração de devoção e entrega a Jesus. A letra aborda uma vida de renúncia e sacrifício que todo cristão é chamado a viver, desde o início da sua conversão.
No entanto, quem acompanha as redes sociais já deve ter visto que a música também tem gerado polêmicas, pois muitos questionam se aqueles que a cantam estão realmente vivendo a realidade de "gastar a vida" por Cristo.
Nesta análise, vamos então explorar as verdades presentes na música, avaliando como elas se conectam às Escrituras. Ao final, concluiremos se a música é bíblica e adequada para o canto congregacional, considerando a clareza do ensino bíblico e teológico.
Estou preparando um caminho / Endireitando as veredas
A música começa com uma referência que ecoa Isaías 40:3, onde o profeta fala sobre preparar o caminho para o Senhor e que se cumpre no ministério de João Batista, que pregou no deserto (Lucas 3:4-6).
João Batista foi enviado para preparar o caminho do Messias, endireitando as veredas para a chegada de Jesus, e sua mensagem era clara: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:2).
Aplicando para nós, hoje, preparar o caminho pode significar viver de forma que honre a Cristo, servindo o Reino pregando o Evangelho da graça para que outros venham a conhecer o Rei. Isso envolve arrependimento, mudança de vida e um compromisso com a santidade por parte de todo aquele que crê.
A semelhança de João Batista, o povo de Deus, a igreja, é chamada a preparar o caminho não mais para a vinda do Rei, mas para o retorno do Rei, proclamando o Evangelho da salvação aos perdidos.
E cada vez mais diminuindo / Porque importa que Ele cresça
Aqui é uma citação direta de João 3:30, onde João Batista reconhece que sua missão é diminuir para que Jesus seja exaltado. João Batista entendeu que seu papel era apontar para Cristo, e não para si mesmo. Ele disse: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30).
Para nós não deveria ser o mesmo? Devemos colocar Cristo no centro de tudo, abrindo mão de nossa própria glória e reconhecimento. É um chamado à humildade e à centralidade de Cristo em nossas vidas. Em um mundo que valoriza a centralidade do Eu, a autopromoção e o sucesso pessoal, essa mensagem é totalmente contracultural. Precisamos aprender a diminuir para que Cristo seja exaltado em nossa vida, famílias e igrejas.
E Nele o meu prazer está
Encontrar prazer em Deus é um tema recorrente nas Escrituras. O Salmo 37:4 diz: "Agrade-se do SENHOR, e ele satisfará os desejos do seu coração." Este verso nos lembra que a nossa alegria e satisfação devem estar em Cristo, antes e acima de qualquer outra coisa.
Quando Deus é o nosso maior prazer, tudo o mais perde importância. Tudo perde o seu sabor. Isso não significa que não podemos desfrutar das bênçãos desta vida, mas que nossa alegria mais íntima, mais profunda, deve vir do relacionamento com o Senhor. Em um mundo cheio de distrações e prazeres passageiros, essa verdade é um antídoto para a insatisfação e a busca vazia por felicidade. Assim, ao cantar que “Nele o meu prazer está" nós convidados a refletir sobre onde estamos buscando nossa alegria e satisfação.
Eu não sou digno de desatar / As Suas sandálias
Aqui, a letra ecoa a humildade de João Batista ao reconhecer que não era digno de sequer realizar a tarefa mais simples e humilde para Jesus (Lucas 3:16). João Batista sabia que Jesus era o Messias prometido, e seu reconhecimento de que ele não era nada diante de Jesus é um exemplo para todos nós.
Quem somos nós diante do Grande Rei de toda a Terra?
Essa atitude de reverência e humildade é essencial para todo cristão, pois nos lembra da grandeza de Cristo e de nossa total dependência dEle. Reconhecer que não somos dignos de servir a Jesus nos leva a uma postura de gratidão e consequentemente de adoração. É um lembrete de que tudo que fazemos por Ele é um privilégio, não um mérito. E por isso aqui somos desafiados a avaliar se estamos vivendo com a humildade e reverência que é devida diante de Cristo.
E Nele a minha vida está / E eu caminho com a certeza / De que Ele virá
Essa estrofe reflete a esperança cristã na segunda vinda de Jesus. Hebreus 10:37 diz: "Pois em breve, muito em breve, ‘Aquele que vem virá e não demorará.’" A certeza de que Jesus voltará deve nos motivar a viver de forma fiel e dedicada, sabendo que nosso trabalho no Senhor não é em vão (1 Coríntios 15:58).
A esperança na volta de Cristo é um dos pilares da fé cristã. Ela nos dá perspectiva em meio às lutas e nos lembra de que nosso sofrimento atual é temporário. Vai passar. Caminhar com a certeza de que Ele virá nos encoraja a continuar, mesmo quando as circunstâncias são difíceis. A esperança na volta de Cristo molda nossa vida diária.
E é Ele / Por Ele que eu estou gastando a minha vida / Perdendo tudo por amor e com alegria
Essa é a parte mais desafiadora da letra. A ideia de "gastar a vida" por Cristo e "perder tudo por amor" está alinhada com Filipenses 3:8, onde Paulo considera tudo como perda em comparação com o conhecimento de Cristo. Paulo escreveu: "Considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas."
Essa entrega radical nem sempre é fácil, mas é o chamado de todo cristão. Na verdade, melhor dizendo, assim é a vida cristã.
E a alegria mencionada aqui não é superficial, mas uma alegria profunda que vem de saber em Quem nossa alegria está e que estamos cumprindo nosso propósito em Cristo. Há maior alegria que isso?! Perder tudo por amor a Jesus pode significar abrir mão de sonhos, conforto ou até mesmo relacionamentos, mas a recompensa de conhecê-Lo e servi-Lo supera qualquer perda. Como o apóstolo Paulo bem diz, tudo é considerado lixo pra ele se comparado ao que ele tem em Cristo Jesus.
Dono dos meus dias
O Salmo 31:15 diz: "Nas tuas mãos estão os meus dias." Ou seja, cada momento de nossa vida pertence a Deus e deve ser vivido para Sua glória (1 Coríntios 10:31).
Reconhecer que Deus é o dono dos nossos dias nos leva a uma vida de dependência e confiança. Significa que nossos planos, sonhos e preocupações podem ser colocadas nas mãos do Senhor, sabendo que Ele é soberano e cuida de nós. É um convite a viver cada dia com propósito e intencionalidade, sabendo que nossa vida está nas mãos dAquele que nos ama e nos guia. Ele é o Bom Pastor e cuida de nós. Então fica a pergunta: como estamos vivendo nossos dias? Como se fossem nossos ou como se pertencessem a Deus?
E Ele virá / Soberano em poder, Ele virá / E o governo está Nele, vejam, Ele traz / Consigo a sua recompensa
A letra então termina reforçando a esperança na segunda vinda de Cristo. A ideia de que Ele virá "soberano em poder" está alinhada com Apocalipse 1:7, que descreve Jesus voltando com glória e autoridade. Sua vinda será visível e inconfundível, marcando o fim deste mundo, a restauração de todas as coisas e o estabelecimento de Seu reino eterno.
O trecho "o governo está Nele" reflete a profecia de Isaías 9:6, que descreve o Messias como Aquele que carrega o governo sobre Seus ombros. No Novo Testamento, Apocalipse 19:16 confirma que Jesus é o "Rei dos reis e Senhor dos senhores", destacando Seu domínio sobre todas as coisas. Essa verdade nos diz que, embora o mundo pareça caótico, o governo final pertence ao Rei.
Por fim, a menção de que Ele traz "consigo a sua recompensa" aponta para o julgamento final, onde Jesus recompensará o Seu povo e julgará os ímpios (Apocalipse 22:12). Essa recompensa não é apenas uma promessa futura, mas um incentivo para vivermos de forma fiel e dedicada, sabendo que nosso trabalho no Senhor não é em vão (1 Coríntios 15:58). Na verdade, ainda melhor, a nossa maior recompensa, é Ele mesmo. Jesus é o nosso maior tesouro e bem mais valioso.
Após análise de "É Ele", do Drops, podemos concluir que ela está profundamente alinhada com as Escrituras e centrada em Jesus. É inegável. A letra reflete temas bíblicos como a humildade, a centralidade de Cristo, a esperança na Sua volta e a entrega radical a Jesus. Apesar da polêmica em torno da música, especialmente sobre a possibilidade de as pessoas cantarem sem viverem a realidade da letra, a mensagem é clara e biblicamente fundamentada. Ela é desafiadora mesmo, e somos chamados a viver como tal.
A música também tem uma melodia que é adequada para o canto congregacional, transmitindo não só verdades teológicas sólidas, mas convidando a igreja a uma reflexão profunda sobre sua devoção ao Senhorio de Cristo. E se é dito que é importante que a igreja esteja ciente do chamado à entrega radical que a música expressa, não deveria ser assim com todas as músicas cantamos? Muitos dos Salmos também não seriam até mais difíceis de cantar?
Que avaliemos sempre o nosso coração para que o que cantamos não se torne apenas uma canção da boca pra fora, mas um compromisso de vida. Na verdade, se você é cristão, que você busque viver aquilo que afirma confessar. Não foi isso que foi feito quando você foi batizado? Você publicamente professou sua fé através do batismo, dizendo que Cristo era mais precioso pra você do que qualquer outra coisa deste mundo, e que Ele agora era teu Senhor e não mais o próprio coração egoísta ou qualquer outro ídolo deste mundo.
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