Como a Doutrina da Trindade transforma a adoração na igreja
A Trindade é definitiva para a adoração comunitária. Sem o ser e as obras do Deus Trino, a adoração pública não existiria. Assim, a igreja direciona sua adoração à Trindade em louvor à Trindade por quem Ele é e pelo que Ele fez. Embora toda a Escritura confirme esses pontos, Apocalipse 4–5 os exibe com clareza e beleza particulares.
1. A adoração coletiva existe por causa da Trindade
Embora as obras externas da Trindade sejam indivisíveis, Apocalipse 4–5 atribui às distintas pessoas da Trindade as fases distintas da obra da Trindade de trazer a adoração coletiva à realidade. [1] De acordo com esses capítulos, o Pai deseja a adoração coletiva, o Filho a possibilita, e o Espírito a capacita.
O Pai deseja a adoração coletiva. Apocalipse 4:9 descreve a primeira pessoa da Trindade como “aquele que está sentado no trono, que vive para todo o sempre.” Segundo Apocalipse 5:1, a primeira pessoa da Trindade segura em sua mão direita um “livro,” que é melhor entendido como um símbolo do decreto soberano de Deus para a criação. À luz de Isaías 6, ao qual Apocalipse 4–5 alude repetidamente, podemos concluir que o decreto de Deus para a criação inclui seu desejo de ser adorado na terra como é adorado no céu (Isaías 6:3).
A grande crise de Apocalipse 4–5 é que nenhuma criatura no céu ou na terra é digna de abrir o livro e quebrar seus selos (Ap 5:2-3). Em outras palavras, nenhuma criatura é digna de entender o propósito soberano de Deus para a criação, e nenhuma criatura é digna de realizar esse propósito. Por isso, João chora amargamente (Ap 5:4). A boa notícia anunciada em Apocalipse 5 é que o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade, é “digno” de realizar o decreto do Pai (Ap 5:9) por causa do que Ele fez: “Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e seus sete selos” (Ap 5:5). O Filho de Deus, que vê e compartilha do propósito do Pai para a criação, nasceu da semente de Davi e foi morto como um cordeiro sacrificial para possibilitar a adoração coletiva. Como resultado de sua obra redentora triunfante, todas as criaturas no céu, na terra e debaixo da terra, lideradas por um reino de sacerdotes resgatados, oferecem louvor a Deus e ao Cordeiro (Ap 5:9–14): “Ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, honra, glória e poder para todo o sempre!” (Ap 5:13).
A adoração desejada pelo Pai e possibilitada pelo Filho é capacitada pelo Espírito. O Espírito que procede do Pai (Ap 4:5) e do Filho (Ap 5:6) realiza o propósito do Pai aplicando a obra consumada do Filho a um povo resgatado. O Espírito leva João à sala do trono celestial, permitindo que ele presencie a adoração celestial (Ap 4:2). E o Espírito é “enviado a toda a terra” (Ap 5:6) para habitar e capacitar o reino de sacerdotes resgatados de toda tribo, língua, povo e nação para louvar o Deus Trino (Ap 5:9–10). Pela presença capacitadora do Espírito, o propósito do Pai é cumprido e os efeitos da obra do Filho são concretizados: o Deus Trino é adorado na terra como é no céu.
2. A Trindade é o objeto da adoração coletiva
Porque o Deus Trino torna a adoração possível, o Deus Trino—e somente Ele (Ap 19:10; 22:8-9)—é o objeto da adoração coletiva. Em Apocalipse 4–5, a adoração é oferecida à primeira pessoa da Trindade: “Digno és tu, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, honra e poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4:11; 5:13). Em Apocalipse 4–5, a adoração também é oferecida à segunda pessoa da Trindade: “Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber poder, riquezas, sabedoria, força, honra, glória e louvor” (Ap 5:12-13). Onde, podemos perguntar, está a terceira pessoa da Trindade neste coro de louvor?
Talvez porque Apocalipse 4–5 enfatize o papel do Espírito em capacitar a adoração de Deus e do Cordeiro, seu status como objeto de adoração não seja enfatizado. Mas capítulos anteriores em Apocalipse não deixam dúvidas de que a terceira pessoa da Trindade também é objeto da adoração cristã. O Espírito é mencionado na bênção inicial de João (Ap 1:4; cf. Nm 6:24–27). Sete vezes em Apocalipse 2–3, a igreja é convocada a ouvir a voz do Espírito, rendendo a ele o primeiro e fundamental ato de adoração coletiva (Dt 6:4): “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Com o Pai e o Filho, o Espírito Santo é adorado e glorificado em Apocalipse, como é em toda a Escritura Sagrada.
3. A Trindade é a razão da adoração coletiva
Ao oferecer uma visão da adoração no céu, repleta de pregação (Ap 5:5), triságio (“Santo, santo, santo”, Ap 4:8), e várias doxologias (Ap 4:11; 5:9–10, 12–13), Apocalipse 4–5 sugere padrões normativos de como a igreja na terra deve adorar a Trindade e demonstra por que a igreja deve adorá-la. Esses capítulos nos ensinam a dar “glória, honra e graças” à bendita Trindade por seu ser, como aquele “que era, é e há de vir” (Ap 4:8–9). Eles nos ensinam a louvar a bendita Trindade por seus atributos, como o Três-Vezes-Santo, que vive para todo o sempre, e que governa todas as coisas no céu e na terra por sua sabedoria, bondade e poder soberanos (Ap 4:8–9). E eles nos ensinam a louvar a bendita Trindade por suas obras, como aquele que criou e preserva todas as coisas (Ap 4:11), que resgatou pecadores e os fez um reino de sacerdotes (Ap 5:9–10), e que promete que os redimidos um dia reinarão na terra (Ap 5:10). Tudo o que Ele é, tudo o que Ele fez, e tudo o que Ele prometeu fazer no futuro são razões para adorar a Trindade agora e para sempre (Ap 5:13).
Semana após semana, em todo o mundo, a visão de Apocalipse 4–5 é cumprida à medida que as congregações louvam um Deus em três pessoas: nosso Criador, nosso Redentor, nossa Recompensa. Se a Trindade não é central na adoração da nossa própria congregação, então é hora de nos arrependermos da nossa impiedade e nos unirmos ao coro cósmico: “Louvai a Deus de quem todas as bênçãos fluem; louvai-o, todas as criaturas aqui abaixo; louvai-o acima, ó hostes celestiais; louvai o Pai, o Filho e o Espírito Santo!”
[1] Para mais discussões sobre o padrão e a lógica bíblica de “apropriar” aspectos distintos das obras indivisíveis da Trindade a pessoas distintas da Trindade, veja Scott R. Swain, The Trinity: An Introduction.
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Por Scott Swain. Traduzido e publicado com autorização. Publicado originalmente em 9Marks.