Colossenses e suas linhas de amor - Marco Telles & FHOP (Análise da música)
A música “Colossenses e suas linhas de amor” foi composta por Felipe da Guia, produtor musical e membro do Coletivo Candieiro. A música foi lançada pela primeira vez em 2020 no álbum “Doxologia Primitiva”, de Marco Telles – diretor do Coletivo. A faixa contou com a participação de André Costa, vocalista da banda Canto Verbo. Mais recentemente, ela foi regravada pelo Marco Telles em parceria com a equipe do FHOP Music, num contexto mais congregacional.
Quando uma música faz referência às Escrituras, na hora de analisar, a primeira coisa que a gente tem que fazer é abrir a Bíblia no referido texto para conferir se a letra bate com o que está escrito. No caso de “Colossenses”, a música não é uma citação direta de um texto específico (tal qual “Colossenses 1” do Projeto Sola), e sim inspirada no livro, centrada no poema do capítulo 1:15-20.
Se tivéssemos que resumir o livro de Colossenses numa única frase, ele fala da supremacia de Cristo e a suficiência da sua obra na cruz para a salvação e santificação do cristão. Em resposta a um grupo que queria acrescentar à salvação e a vida santa uma série de leis e práticas, Paulo mostra em sua carta como a obra de Cristo é suficiente para nos salvar e como ela deve ser exercida em todas as áreas da nossa vida.
Para quem já conhece o trabalho do Marco Telles e do Coletivo Candieiro já sabe o que esperar. E, diga-se de passagem, esta é uma das músicas prediletas deste que vos escreve. Vamos à letra.
Lembrem da canção / Cristo é o retrato de Deus
Do que foi feito antecedeu, primeiro
Antes do nascer / Fez justiça e em si morreu
Supremacia e tronos são / São teus
A “canção” citada na primeira linha é justamente o trecho que citamos acima. Neste “hino cristológico”, Paulo faz sua exposição da supremacia de Cristo, e a música reflete justamente isso. As primeiras três linhas da música expõem o versículo 15. As linhas seguintes expressam o que lemos nos versículos 16 e 17.
E aquele fio que se rompeu / Da minha alma até a Deus
O sangue santo costurou / Cristo e suas linhas de amor
E agora um homem feito eu / Pode no homem ver a Deus
Ter paz, viver, andar e ser / Me fez amigo em seu verter
O refrão da música segue os versículos seguintes de Colossenses 1, onde Paulo fala de como Cristo nos reconciliou com Deus por meio do seu sacrifício na cruz. Na música, temos a imagem de uma linha entre nós e Deus. Essa imagem não vem de Colossenses, mas é poesia do próprio autor, que se encaixa perfeitamente e serve bem à mensagem da música. Cristo é o amor, a linha entre nós e Deus que o seu sangue costura e nos reconcilia com o Pai. E, portanto, temos por meio do Deus que se fez homem a paz da salvação e a santificação que nos permite andar com Ele.
Apesar de ser uma letra curta, ela faz um belíssimo trabalho de resumir a mensagem da cruz para nós. Vale mencionar que ao nos aproximarmos da Páscoa, ela pode muito bem ser considerada para uma apresentação de coral ou música especial para marcar a data.
Quanto a música em si, temos duas gravações disponíveis. A primeira do “Doxologia primitiva” é uma proposta de estúdio, com mais guitarras, solos e toda uma orquestração que é um pouco mais difícil de se encaixar no contexto de um culto. Já a gravação feita com o FHOP é mais congregacional, apesar de eu pessoalmente gostar mais da introdução em tom maior da original.
Seja qual for a sua versão preferida, a música não se encaixa tão facilmente no contexto de um culto congregacional, considerando uma visão mais tradicional do que é mais comumente tocado nas igrejas. É uma música cujo estilo se encaixará melhor em igrejas com uma dinâmica mais jovem e moderna, talvez com uma influência maior do rock no louvor. Por exemplo, dentro da identidade musical do FHOP, se encaixou perfeitamente, uma vez que a igreja já tem um estilo mais nessa linha. Para outras, talvez não seja o caso. Este quesito deve ser avaliado por cada igreja individualmente. Isso de maneira alguma desabona a música, mas consideramos importante ressaltar este ponto.
“Colossenses e suas linhas de amor” é uma música que recomendamos fortemente, seja para o culto ou para ouvir no dia a dia. Sua mensagem é sem dúvida alguma bíblica e, como diz a primeira linha, é algo do qual precisamos ser lembrados sempre. Afinal, frequentemente somos tentados a, tal como os colossenses, acrescentar à vida cristã coisas que não são exigências bíblicas. Queremos, de alguma maneira, buscar mérito perante Deus com nossas obras. E é justamente aí que precisamos ser lembrados de que é somente pelo sangue de Cristo que somos redimidos e reconciliados com Deus.
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