Adoração é minha vida, não meu papel
As conversas de Domingo à tarde com minha família inevitavelmente giram em torno do que aconteceu durante o encontro da igreja naquela manhã. Nós podemos discutir pontos impactantes do sermão, necessidades de oração, visitantes que conhecemos, acontecimentos incomuns no ministério infantil e, claro, o "culto".
Será que a mixagem estava boa? E a seleção de músicas? As canções foram bem arranjadas? As transições faziam sentido? Houve algum momento de silêncio? Alguém foi emocionalmente tocado?
Essas são as perguntas que surgem em uma família cujo patriarca esteve envolvido no ministério de música por mais de quarenta anos. Claro, todos nós sabemos (ou pelo menos deveríamos saber) que a adoração deve ser uma resposta contínua e integral àquilo que Deus é para nós em Cristo (Romanos 12:1; João 4:21–26). Assim como respirar, a adoração não pode ser limitada a uma parte do nosso dia ou a um dia da nossa semana. Estamos sempre adorando.
A mesma lógica se aplica à nossa liderança. Liderar a adoração começa e termina com a forma como vivemos nossa vida, não com o que fazemos em uma plataforma pública. Encorajar outros a glorificar Jesus Cristo é uma atividade que se estende muito além dos vinte a trinta minutos que dedicamos a isso nas manhãs de domingo.
Mas como podemos realinhar nossos corações e pensamentos para essa realidade?
1. Veja sua preparação como adoração.
Na maioria das semanas, passo cerca de seis horas planejando e ensaiando para o culto de domingo. Alguns líderes que conheço investem ainda mais tempo. Todas essas horas de planejamento, preparação e prática também devem ser parte da adoração. Jesus não está menos em Seu trono antes do encontro do que está durante. Ele não é menos Salvador. As letras das músicas que vamos cantar não são menos verdadeiras. E Deus deseja que minhas atitudes reflitam uma resposta grata ao evangelho, mesmo enquanto eu me “preparo” para adorar.
Isso significa que, enquanto planejo, posso permitir que a profundidade das letras que cantaremos e das Escrituras que leremos no Domingo me impacte. Posso glorificar a Deus ao servir os membros da banda, comunicando-me com eles de forma oportuna. Posso parar durante o ensaio para lembrar a mim mesmo e aos outros músicos por que as verdades específicas que estamos cantando são muito importantes. Posso fazer toda minha preparação com fé e alegria, sabendo que o Espírito Santo está tão presente comigo antes do culto quanto estará quando nos reunirmos.
2. Não deixe que sua vida diária contradiga sua adoração pública.
Tanto no Antigo como no Novo Testamento, Deus repreende aqueles que proclamam Seu louvor na assembleia, mas pecam contra Ele em seus pensamentos, palavras e ações em outros momentos (Mateus 15:7–9; Isaías 1:12–17; Amós 5:21–24; Salmos 50:16–21). Para o povo de Deus, a consistência importa, e isso é especialmente relevante para aqueles que os lideram.
Nenhuma quantidade de canto apaixonado no Domingo compensa pecados apaixonados em outros dias. Claro, se confessarmos nossos pecados e confiarmos na morte substitutiva de Jesus para o perdão, temos toda a razão para cantar. Mas não cantamos porque Jesus ignora nossos pecados. Cantamos porque Ele nos libertou deles.
3. Seja tão apaixonado por glorificar a Deus em seus relacionamentos quanto você é ao liderar nos domingos.
Meu cônjuge, filhos, músicos e amigos não são interrupções ao meu ministério — eles são o meu ministério. Deus pretende que meus relacionamentos tragam mais glória a Ele do que minhas canções (Romanos 15:5–6). Aqueles que estão mais próximos de mim devem ser capazes de ver uma conexão entre a forma como falo e ajo em frente às pessoas em um Domingo e a forma como interajo com eles em outros momentos.
Sou insensível ou cuidadoso? Sou inacessível ou acolhedor? A fé que exibo na plataforma é evidente quando estou passando por uma fase difícil? Minha paixão pública pela glória de Deus é refletida em meus atos privados de pureza, humildade e generosidade? Se não, minha visão de liderança de adoração é não apenas limitada, mas perigosa.
4. Esteja preparado em tempo e fora de tempo.
Uma parte significativa do meu trabalho atualmente é treinar líderes mais jovens. Muitas vezes, não dou a eles muito tempo de preparação quando peço para cantarem ou tocarem. Quero que reconheçam que a vida é a preparação para o que fazemos diante dos outros.
Claro, queremos saber acordes, linhas melódicas, letras e boas formas de transitar entre as músicas. Mas nossa liderança deve ser o transbordamento da glória de Cristo que temos perseguido durante toda a semana: em nossas devoções, no trabalho, na escola e em nosso tempo livre. É por isso que Davi exclama:
Bendirei o Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios. A minha alma se gloriará no Senhor; os humildes ouvirão isso e se alegrarão. Louvem comigo a grandeza do Senhor, e todos juntos lhe exaltemos o nome. (Salmos 34:1–3)
Bendirei o Senhor em todo o tempo, não apenas nos cultos de Domingo. Que essa seja nossa oração e prática, mesmo enquanto nos entregamos plenamente à liderança do povo de Deus semana após semana.
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Por: Bob Kauflin. Traduzido e publicado com autorização. Publicado originalmente em DesiringGod.