A sua igreja deveria ter uma bateria
Não, a bateria não é coisa do diabo. E sim, eu sei que ela é barulhenta. Aliás, não, ela não é barulhenta. Se não tiver tocando, ela não faz barulho algum. Bateristas mal educados são barulhentos. Não precisa botar a culpa na minha querida bateria.
Sou baterista e creio que meu instrumento, quando bem utilizado, tem um papel muito importante para cumprir no louvor congregacional. Quero explicar o porquê disso.
Caso você realmente não goste de bateria, em hipótese alguma, vou lhe tranquilizar e dizer o seguinte: você não é obrigado a ter uma na sua igreja e se não há argumento que lhe convença do contrário, fique à vontade para encerrar sua leitura por aqui. Você tem todo o direito de não gostar e eu apoiarei a sua preferência.
Agora, caso você queira ouvir a minha explicação, desde já, agradeço pela sua atenção. E se ao final deste texto você continuar não querendo bateria na sua igreja, não farei oposição.
Sigamos, então, sem perder o ritmo…
A música é composta por três elementos básicos: melodia, harmonia e ritmo. A melodia é aquela que a gente canta. A harmonia é o conjunto de notas arranjadas em torno da melodia, que preenchem o som. E o ritmo é a organização do tempo da melodia e harmonia.
De todos os instrumentos de uma banda, a bateria talvez seja o único que fica restrito a apenas um desses elementos. Qualquer outro instrumento pode contribuir com os três, mas a bateria realmente só tem como contribuir com o ritmo.
Então, nesse sentido, a bateria joga sozinha em campo. Além do mais, os outros instrumentos costumam ser amplificados acusticamente. Já a bateria não. Além disso, ela cobre quase todas as frequências sonoras, do grave do bumbo até o agudo dos pratos. E é aí que mora o potencial para dar errado.
Ela é grande. Ela é alta (potencialmente). E quando o baterista decide descer a mão, não tem como o irmão da mesa de som abaixar o volume (a não ser que seja eletrônica). Sem esse controle, ela engole todo mundo e realmente atrapalha.
Há quem diga que o ideal numa igreja seja o menor número de instrumentos possível, pois a música pode ser usada para manipular as emoções, conduzindo o louvor de maneira que tire o foco da mensagem. Eu até concordo com isso, pois de fato ela tem este potencial.
Mas, eu poderia dizer que assim como é com a música e os instrumentos, pode muito bem ser a voz do pregador. Ele pode falar mais baixo ou mais alto, pode gritar e esbravejar, quem sabe até socando o púlpito, a ponto de provocar reações fortes em quem está ouvindo. Então, por que não existe a mesma resistência com pregadores que gritam no púlpito?
Na sua particularidade musical, creio que a bateria tem um papel especial e uma contribuição única a ser feita para o canto congregacional.
No campo rítmico, a bateria serve para marcar o tempo e organizar as notas, tanto cantadas quanto tocadas. Um bom baterista será de capaz de, entre outras coisas, conduzir o ritmo de maneira sólida e consistente, o que facilita o canto congregacional. A pulsação do bumbo e da caixa, por exemplo, darão o andamento que conduzirá a igreja — quase como um regente.
É interessante pensar em como a bateria era usada na guerras, antigamente, para fazer justamente isso. Os rudimentos tocados na caixa serviam para fazer com que os soldados marchassem juntos, quase que em uníssono.
E não seríamos nós, a igreja, também um exército?
Para além do ritmo, a bateria também serve para enfatizar a dinâmica numa música. Às vezes temos estrofes que descrevem os atributos de Deus levando até um refrão onde há um irromper de alegria e exaltação em resposta a eles. Nisso, a bateria serve como um indicador, quase que um marca texto sonoro, para mostrar: aqui nós cantamos mais alto, enchemos o pulmão e cantamos com vigor em alto e bom som. Ela, junto com os instrumentos, trabalha para enfatizar e expressar mensagens e sentimentos adequados, que condizem com cada parte da mensagem cantada.
Aliás, não é justamente isso que um pregador faz quando ele quer enfatizar um ponto especificamente? Ele acelera, desacelera, usa pausas na fala, eleva o tom de voz… tal qual os instrumentos musicais. E entre eles, a bateria.
Em conclusão, peço encarecidamente que não demonizem a minha querida bateria. Ela não tem culpa de ser tão boa de tocar!
Em vez disso, aprenda a usá-la, invista na educação dos seus músicos e descobrirá como pode ser bem útil para o louvor congregacional. Ela certamente tem algo pra acrescentar ao louvor da sua igreja.
Por: Andrew McAlister. © Cante as Escrituras. Todos os direitos reservados.