A importância do silêncio no culto
Um dos aspectos mais comentados do culto da manhã do Dia do Senhor na Capitol Hill Baptist Church é algo que não fazemos. Ou melhor, é o nada que fazemos. São os nossos momentos de silêncio.
Há silêncio entre os diversos momentos do culto. Eu incentivo os líderes a não adotarem o padrão televisivo de "sem espaço morto" de agitação constante. Nós gostamos do "espaço morto". O "espaço morto" nos dá tempo para refletir, organizar nossos pensamentos e considerar o que acabamos de ouvir, ler ou cantar. O silêncio amplifica as palavras ou a música que acabamos de ouvir. Ele nos dá tempo para absorver tudo e orar. Temos silêncio para nos preparar. Há silêncio entre os avisos e o chamado bíblico para a adoração. Até mesmo depois do culto, há um momento de silêncio! Pronuncio a bênção do final de II Coríntios e convido a congregação a se sentar. Depois de cerca de um minuto de silêncio, o pianista começa a tocar suavemente o último hino que cantamos. Durante esses momentos, refletimos e nos preparamos para falar com os outros e partir. Tratamos de assuntos com Deus e nos preparamos para a semana que virá.
Sou viciado em som. Mesmo enquanto escrevo sobre silêncio agora, estou com Paganini tocando alto no meu escritório! Mas ontem de manhã, na igreja, durante um dos nossos momentos de silêncio, percebi o quão coletiva é essa prática de silêncio público. Todos se esforçam para ficar quietos. As pessoas param de mexer nos boletins ou de procurar algo em suas bolsas. Não há movimento. Nós, juntos, ouvimos o silêncio. Ele nos envolve. Ele melhora nossa unidade. É algo que todos fazemos juntos. Juntos consideramos o que acabamos de ouvir. Juntos contribuímos para o espaço de reflexão uns dos outros.
Por que a igreja esqueceu isso? Nossa cultura conhece essa prática. Nos momentos mais solenes, temos um minuto de silêncio. E todos ouvem o silêncio e pensam sobre por que estamos em silêncio. Por que não fazemos isso na igreja?
No século passado, E. M. Forster, em A Passage to India, referiu-se ao "pobre cristianismo falante". Talvez tenha havido um tempo em que os cristãos se reuniam apenas para ouvir a Bíblia ser lida e pregada, e para orar. Mas esse tempo já se foi na maioria das igrejas evangélicas. Hoje em dia, reunimo-nos mais para assistir do que para ouvir. E para cantar.
Mas em meio ao barulho de nossos coros, tambores, guitarras elétricas, órgãos e bandas de louvor, onde está a solenidade? Onde está a dignidade e a majestade que tantas vezes a Bíblia indica com um silêncio atônito, encharcado de reverência e coberto de admiração?
Eclesiastes 3:7 nos diz que há tempo para falar e tempo para calar, mas parece que esquecemos que há um tempo para o silêncio. Deus chama Seu povo diante dEle em silêncio: “O Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Hc 2:20).
Certamente, como cristãos, temos muito pelo que nos alegrar – em voz alta, com alegria e expectativa! Mas nenhuma parte de nossas assembleias regulares deveria refletir o peso de nós mesmos, pecadores, diante de um Deus santo? O silêncio da convicção, e até mesmo do pesar? Além disso, nenhuma parte de nossas assembleias regulares deveria refletir o peso impressionante do nosso perdão em Cristo, o silêncio de admiração e até a humildade de alguma incompreensão?
Silenciamos exatamente porque Deus não se calou. Silenciamos para ouvir Deus falar em Sua Palavra (cf. Dt 27:9). Silenciamos para demonstrar nosso consentimento às acusações de Deus contra nós (cf. Sl 39:9). Silenciamos para mostrar respeito, obediência, humildade e restrição (cf. Sf 1:7; 1 Co 14:34; 1 Tm 2:12). Silenciamos para examinar nossos corações (cf. Sl 4:4).
Silenciamos em nossos momentos de oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. E devemos também silenciar em nossos períodos de adoração coletiva. Fazer silêncio juntos edifica e unifica a igreja, testemunha a majestade de Deus e proclama silenciosamente Sua grandeza para todos que ouvirem.
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